quarta-feira, 24 de junho de 2009

Partitura de "Flores e Pérolas" de Salvador Callia


Um tanto tímida!

Sempre muito tímida, não gostava de tocar para ninguém a não ser para as pessoas próximas, como minha mãe, meu pai, meus irmãos e algumas coleguinhas. Não gostava quando tinha que participar de audições mas mesmo assim participava de todas.
Certa vez, minha tia avó, assídua frequentadora da igreja católica e amiga do padre, decidiram que seria bom eu tocar órgão na igreja. Ninguém me perguntou se eu queria ou não, mas, mesmo assim, movida pela curiosidade lá fui eu. Não via a hora de tocar aquele instrumento de som diferente, muitos pedais e aqueles tubos enormes. Então, logo que me sentei no banco, meus pés não alcançaram o chão, eu tinha uns 9 anos. Logo que dedilhei as teclas percebi que não precisava de força e também não gostei do som. O padre falou que eu iria tocar em casamento. Loucura!
Ninguém perguntou nada para mim, simplesmente faziam planos. Cheguei a ir "ensaiar" algumas vezes mas com tanta má vontade que o padre percebendo que eu não queria, desistiu. Porém, após as missas de domingo quando eu acompanhava os meus pais, o padre sempre falava para mim que quando eu quisesse, o órgão estava me esperando. Eu nunca quis mas também nunca falei para o padre que não gostava de tocar órgão. Tudo por causa da minha timidez!

Hoje, 23 de junho de 2009.

Finalmente concluí o trabalho dos hinos nacionais de todos os países. Estão com arranjo para flauta e piano. As partituras desse trabalho já foram impressas e salvas no PC e em CD. Estou terminando de tirar e arranjar os hinos de regiões que não são países, mas com forte tradição, importância histórica e cultural como a Bavária, Azores, etc. Já houve uma perda de grande parte desse material por não estar seguramente guardado e arquivado. Tive que refazer aproximadamente 80 hinos, desde tirar a melodia até concluir o arranjo, conferir e fazer as modificações necessárias. Agora fico muito atenta com tudo o que faço, inclusive dar as cópias de tudo para o flautista com quem eu desenvolvo esse projeto.
No dia 27, sábado agora, nosso grupo se apresentará na forma de trio ( 2 flautas e piano) e no repertório tocaremos arranjos feitos por mim de obras de compositores como: Locatelli, Hasse, Bach, Telemann, Corrette, Viotti, etc. Nas obras para 2 flautas acrescentei o piano, e nas de piano e uma flauta, acrescentei a 2ª flauta.
Adoro fazer arranjos, tirar músicas, escrevê-las e depois arranjá-los para 1,2,3 ou 4 flautas e piano.

Crescendo!

E então voltei aos estudos musicais no Conservatório e ganhei o meu 1º piano de verdade aos 9 anos. Novinho, da Fritz Dobbert. Ciúmes doentio por ele. Não deixava ninguém encostar sequer.
Que bom! Agora podia estudar em casa sem ter que ir estudar no conservatório nos dias em que não tinha aula. Uma vez esqueceram de mim estudando numa das salas e quando pela janela da sala eu vi crianças de uniforme escolar pelas ruas , comecei a chorar pois achava que não voltaria para casa. Só então criei coragem de abrir a porta e ir até a secretaria perguntar se poderia ir embora. Foi um dilúvio de desculpas para mim e para meus pais. Em parte foi bom porque jamais estudaria tanto tempo seguido ( quase 4 horas) sem direito a lanchinho e nem nada. Nesse dia decorei musicas que me lembro até hoje: "Promenade a Anne", "Musette", "Paulo e Virgínia", etc.
Naquela época, a educação e formação eram diferentes. Provas, exames, convívio com os colegas eram monitorados intensamente 24 horas por dia, tanto pelos pais quanto pelos mestres.
Para o meu próprio bem, sempre adorei aprender, estudar, me superar, fazer trabalhos, etc. Ainda hoje aos 54 anos adoro tudo isso e ainda desejo fazer regência para satisfazer um antigo desejo e a língua francesa que acho maravilhosa!

Hoje, 22 de abril de 2009

Organizar os hinos nacionais de todos os países do mundo não foi difícil. O que deu muito trabalho foi a busca desses hinos no final da década de 80. Muitos deles eu tirei de fitas K7 com gravações que deixavam muito a desejar até na afinação das notas, pois foram gravados em instrumentos eletrônicos que mais pareciam brinquedos sonoros.
A atualização desses hinos está sendo concluída agora no mes de abril. Em ordem alfabética, estou trabalhando hinos de nações que começam com a letra "T". Hoje, confiro os hinos através de CDs ou downloads. Através dessas gravações orquestradas, escrevo a parte do piano e da flauta (ou seja, melodia-flauta e acompanhamento-piano). Agora, ao contrário do que ocorria na década de 80, ao invés de papel, lápis e borracha, uso o computador para escrever as partituras, com o Encore, programa ao qual me adaptei muito bem. Escrevo as partituras (piano e flauta e também só a flauta) imprimo e confiro tudo o que faço (arranjos de musica erudita clássica, barroca, romantica e também populares e religiosas) semanalmente em ensaios regulares desde 1989.

5 dedinhos e um teclado tão grande!!!

Mas não é que todo aquele tamanho do piano era compatível com o meu tamanho de criança de 5 anos? Eu já tinha um pianinho de brinquedo, que funcionava a pilha. Foi presente de aniversário dos meus 4 anos, dado pela minha avó paterna, a vovó Bia. O pianinho era tipo armário, branco e nele eu já conseguia tocar de ouvido várias musicas infantis com a mão direita. Por isso, em 1960 minha mãe e meu pai decidiram me matricular no conservatório no bairro do Caxingui, onde morávamos.
Uma das músicas que eu adorava tocar era "Flores e Pérolas" de Salvador Callia. Didaticamente falando, até que fui uma aluna precoce até os 7 anos quando mudamos para o Cambuci e interrompi meus estudos musicais, retornando aos 9 anos.